"
Primeiro dia de aula e foram quatro andares quase infinitos até o auditório. Bjånes Naturecultuepark, Thomas Wiesner, Eli Goldstein, pastas, pastas, mais pastas, John Cage, Düsseldorf, Hombroich. Um brasileiro, um inglês e uma finlandesa entre os demais noruegueses. E ninguém achou que o Brasil fosse selva, ou que falávamos espanhol, ou que não tivéssemos eletricidade. Todos perplexos
"Brazilian? From São Paulo?", cada vez mais interessados nas minhas histórias e nas minhas crônicas.
"Niemeyer was a great icon, a great master after all, I can imagine how disturbing was his farewell to you..." Não tem como não amar arquitetos.
Interessante é que meus companheiros de turma são todos mais velhos. Poucos ainda de vinte e tantos, alguns já com mais de trinta, uns com filhos, outros que desistiram da primeira faculdade pra seguirem na arquitetura; tem pra todos os gostos.
"Me chamo Pia, qual é o teu nome?" E fui pego de surpresa por uma frase em alto e bom português.
Entre andanças e mini aventuras urbanas, fomos à montanha, Fløyfjellet como a chamam. As árvores nuas, as trilhas cobertas de gelo, o ocaso por entre os vales e uma vista panorâmica da pequena e tão fascinante Bergen. Tranquila, simpática, receptiva.
"MASP is in São Paulo, isn't it? The one big museum designed by Lina Bo?" Falei muito, falei sobre os mais diversos assuntos e me senti incrivelmente querido com a fascinação com a qual meus futuros amigos se adereçavam a mim, sedentos por informações, por notícias, por conhecimento acerca da minha terra natal.
Terminamos o dia assim, sentados à calçada, munidos de varm sjokolade e skillingbolle, amando termos conhecido-nos. E os meus dias aqui estão só começando.