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As consequências do amor na vida de alguém são como a refração da luz branca através de um prisma: um raio que se transfigura em sete, um sentimento que se reparte e devassa barreiras físicas e emocionais por todo o oceano interno de um ser.

Descrente era eu ao pensar em minha mera passagem pelo mundo. E, depois que descobri onde se escondia minha felicidade verdadeira — simples e plena —, encaro todas as questões que em mim orbitam de uma forma tão mais prática e consensual. O despertar da verdadeira honestidade para comigo mesmo. O fim da tempestade. As pequenices são capazes de me estampar um sorriso eterno ao rosto. As pequenices roubam-me o tempo, a lucidez neurótica e esquisofrênica, as preocupações. As pequenices trazem de volta o meu gozo em viver.

Sou como o pássaro que, ao anoitecer, pensa estar encaminhando-se à morte e desespera-se, mas ao acordar, no dia seguinte, sente o frescor da vida novamente dentro de seu corpo miúdo e põe-se a gorjear uma bela e saudosa canção de ode ao sol. Penso e repenso, o coração bate mais forte, as bochechas enrubrecem. Culpa daqueles olhos, verdes e hipnóticos, de azeitona, empalhados acima do nariz com sardas.