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Uma aventura. Pêlos da nuca que se arrepiam ao toque, calafrios que percorrem cada centímetro da doce e dourada pele, macia, cheirosa, irresistível. Beijo atrás da orelha, dedos pelos cabelos, corpo a corpo. As mãos, irrequietas e taradas, agarram, arranham, satisfazem-se. Contorcidos, os joelhos se movimentam suave e confluentemente. As palavras se afogam no desejo. Os olhares denunciam, gritam a verdade. Os corações pulsam em perfeita sintonia. Ofegantes…
…e tão inacreditavelmente distantes. O concreto se esfarela em memórias de um tempo de experiências, de momentos eternos e perfeitos, do calor dos sentimentos. Memórias que amaldiçoam, que persistem em trovejar; memórias finitas e construídas sobre a carência, sobre a necessidade, e que logo tornam a desabar. A rija e calejada carapaça esconde e protege o âmago dos bisbilhoteiros, camufla toda minha fragilidade das intempéries. Escondo-me nas alegorias da vida e visto uma máscara. Pelas sombras, sigo recolhendo, pouco a pouco, fragmentos do que fora minha felicidade. Estilhaçada, penalizada, lúgubre, tétrica, raquítica, insignificante, miserável, desgraçada, ridícula.
Quero serotonina, em doses cavalares.