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Eu acredito no amor verdadeiro, infinito e incondicional. Há quem me chame de incrédulo ou pessimista, mas justamente por enxergá-lo e nele confiar, que a cada dia dou menos crédito à sua existência. As emoções, assim como os relacionamentos, estão cada vez mais banalizados e descompromissados—uma amizade, um namoro, um casamento são datados e possuem prazo de validade, como produtos. As paixões são tomadas pela atração da carne, ou mesmo por status, e os laços sentimentais são deixados de lado. Com tanta oferta no mercado, as pessoas não buscam mais algo fixo e estável, se importam com a quantidade e com o rótulo em detrimento da qualidade e do conteúdo. Os relacionamentos, de fato, começam de fora pra dentro—no geral, é a atração física que estimúla a abordagem e os primeiros contatos—mas é recorrente que se pare na fachada ao invés de adentrar no universo do outro. Ficar com alguém se resume a mostrar a terceiros como sua companhia é invejável e desejável.

Ou seja, a oferta reduz a qualidade, os relacionamentos estão em frangalhos, o sentimento amor foi reduzido a uma palavra contraditoriamente banal e temida, como se sua pronúncia enunciasse catástrofes galáticas. Quantas relações não terminam pela falta de respeito, agressões físico-verbais, infidelidade. O primeiro passo para amar é respeitar, que, acredito eu, seja o que muitos estejam abstraindo. Amor é confiança, amor é amizade, amor é carinho, respeito, compreensão, lealdade, confidência, complacência, cumplicidade, fraternidade. Amar é dar sem pedir nada em troca.

Por isso, volto a dizer que acredito piamente no amor verdadeiro, no amor como sentimento puro e ingenuamente infantil, no amor psicológico e não carnal. Acredito em sua concepção e definição, mas não em sua existência universal. Posso estar enganado em crer que este conceito seja algo inerente e único da minha esfera mental, porém enquanto o homem não mudar, ser menos egoísta e mais altruísta, menos selvagem e mais comportado, menos instintivo e mais pensativo, menos superficial e mais profundo, continuarei trancafiado em minhas próprias idéias, irredutível.